Ateísmo e agnosticismo no Brasil: dados do censo do IBGE

Após terem lido esta postagem talvez tenham ficado curiosos quanto os números de ateus e religiosos no Brasil. Segue abaixo.

Variação da afiliação religiosa por grupo no Brasil

Religião

1980

1991

2000

Católicos apostólicos romanos

89,0

83,0

73,6

Protestantismo

6,7

9,0

15,4

sem religião (ateísmo, agnosticismo e deísmo)

1,9

5,1

7,4

Espíritas

0,7

1,3

1,3

Afro-brasileiros

0,6

0,4

0,3

Outras Religiões

1,2

1,2

1,9

Em porcentagem da população

Fonte: Recenseamentos demográficos do IBGE de 1980, 1991, 2000.

Uma das coisas interessantes a se reparar é que os católicos vem perdendo fiéis. Mas quem mais tem ganho com isto, pelo menos neste estágio, tem sido os evangélicos (protestantes). Eles tiveram um grande salto de 1991 a 2000 - relativamente à última pesquisa eles foram de 9,0% para 15,4%. Eles ganharam 6,4% da população o que foi mais do que os ateus ganharam no período (2,3%).

Outro ponto a favor do aumento de protestantes é que eles chegaram "perto" de dobrar (o número de indivíduos do grupo aumentou 70%). Enquanto que a população de ateus aumentou em 45%.

Uma coisa a ser notada é que se um católico se torna protestante, o deus pode mudar um pouco, mas ele continua sendo um teísta. Para um ateu tanto faz o deus que você acredita: qualquer teísmo é uma postura ruim. E olhando por este lado os "sem igreja" (ateus, agnósticos, deístas) x teístas, então se percebe facilmente que os sem religião tem ganhado indivíduos e os teístas tem perdido.

(Cabe fazer um comentário sobre o deísmo que está incluso no grupo dos sem religião. Os deístas rejeitam toda espécie de revelação divina. São então os mais céticos entre os crédulos, se é que se pode dizer assim. Os deístas portanto rejeitam as grandes religiões como cristaisnismo, islamismo etc. Rejeitam também profetas como Jesus ou Moisés, Maomé ou Allan Kardec e assim por diante. )

A mídia

Mesmo que a mídia dê mais espaço para os teístas: televisões com transmissão aberta (Rede Globo, Record, SBT, Bandeirantes, etc) em geral fazem um tratamento bem parcial quando abordam assuntos religião (ou de medicina alternativa, por exemplo) . Raramente chamam um cético, ou este tem um espaço muito reduzido.

Por outro lado, tanta exposição teísta na mídia talvez acabe por ajudar mais o ateísmo. Sim, porque se uma idéia ruim é mais vista, mais analisada, mais se percebe rapidamente sua situação. Assim quanto mais os teísmos forem examinados, pior para eles (caso eles estejam errados)... isto talvez explique porque os ateus tem ganhado indivíduos enquanto que os teístas perdido.

Eu defendo justamente isto: que nas escolas houvessem mais aulas de mitologia ou antropologia cultural. E em parte da disciplina, em algumas aulas, fossem apresentadas várias religiões, abordando as incoerências do ângulo mais teórico: contradições, falta de ajuste com a realidade, etc. E cada um que se sentisse livre para escolher qualquer uma ou rejeitá-las pelo lado prático (não funcionam). Num exame crítico, imparcial, tanto do agnosticismo, ateísmo, etc ou teísmo quem tem mais a perder é este último.

Do contrário, a discussão se polariza: uma religião hegemoniza e os indivíduos vão sendo envolvidos. No Brasil, você até poderia aproximar a discussão dizendo que se trata de "católicos x outros" já que os católicos dominam. E quem mais tem a ganhar com a falta de análise é a religião dominante.

Talvez se diga "gastar dinheiro público fazendo exame crítico da Religião? Qual a vantagem?". Bem o público, o povo, também gasta dinheiro doando somas enormes às igrejas quer via dízimo ou demais doações. E muitos defendem a prática religiosa porque segundo a análise deles, elas "funcionam".

A questão é de contabilidade. Aonde se gasta mais: não discutindo o assunto e deixando o povo a mercê de pessoas de má fé ou educando-as com pensamento crítico e cético?


O lado ruim dos dados

Agora, um aspecto ruim é que quem se declara católico no Brasil, em geral, é mais moderado. Se diz católico mas usa camisinha, faz sexo antes do casamento, e às vezes até concilia com outras religiões como afro-brasileiras e budista. Já as evangélicas parecem querer resgatar o lado "show" que a católica já abandonou há muito como práticas exorcistas que invadem os canais abertos da TV.

Então tem havido mais fuga de indivíduos do grupo mais moderado (católicos) para os mais fundamentalistas (protestantes)? Se sim, isto seria ruim.





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3 comentários:

Anônimo disse...

OBSERVATÓRIO de IMPRENSA

LEITURAS DE VEJA
Liberdade científica e religiosa

25/9/2007

Em "Boa escola, ‘mas’ criacionista", escrita por Michelson Borges em 11/9/2007 neste OI, é tecida uma crítica à revista por esta ter feito a ressalva, considerada ofensiva. Critica que ela "perdeu a chance de publicar uma reportagem neutra e puramente informativa, nos moldes do bom jornalismo".

Explica que a "Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9.394/96 estabelece que os alunos devem criticar objetivamente as teorias científicas como construtos humanos de representação aproximada da realidade, e que essas teorias estão sujeitas a revisões e até descarte, e que o ensino médio tem entre suas finalidades habilitar o educando a ser capaz de continuar aprendendo, a ter autonomia intelectual e pensamento crítico".

O que parece, a priori, é que a revista fez o mesmo trabalho exemplar de realizar a mesma coisa. Dentro dos objetivos pelos quais se pauta um bom jornalismo, um é o de realizar a crítica e ensinar as pessoas a terem uma avaliação pertinente das informações que recebem dos vários segmentos sociais, sejam do governo, partidos políticos, educadores, produtores, comércio, propagandista e industriais. E não poderia deixar de fazê-lo, por motivos óbvios, em relação ao conhecimento científico e religioso. Este último, por sinal, não foi abordado pela revista. No entanto, também se deveria discutir esse aspecto – de uma escola que prega uma religião.

Análise permanente

Assim, nos baseando no alegado direito que o jornalista Michelson Borges faz, com razão, da liberdade científica e da necessidade de se criar neste país uma visão crítica da ciência para os nossos futuros cidadãos, devemos também analisar criticamente este assunto mais a miúdo. Assim como nos garante para a ciência a liberdade, a nossa Constituição Federal, dita Carta Magna por estar acima de todos outros princípios legais, também garante no seu Artigo 5 & VI que é inviolável a liberdade de consciência e de crença, é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação... Portanto, vemos que o assunto interessou até os nossos legisladores maiores na garantia da liberdade.

Este é o aspecto alegado pelo nosso jornalista ao corretamente defender o espírito crítico a ser desenvolvido pelos alunos: liberdade com que estes devem contar sempre na sua formação pessoal. Mas, assim como se deve dissecar um fêmur de um fóssil – analisar a estratigrafia onde o mesmo foi encontrado, analisar o seu DNA, dosar o carbono 14, comparar com outros fósseis arquivados, verificar a anatomia comparada com as espécies atuais, conferir com achados anteriores, levar a conhecimento da comunidade científica para a devida crítica, repetição de análise permanente, processo sempre constante e crítica sempre refeita –, também as bases de dados daqueles que se propõem a uma explicação alternativa devem sempre ser submetidos com a mesma liberdade e rigorosa avaliação científica, devem ser dissecados em todos os seus aspectos. Como se faz com a base de dados de Jean-Baptiste Pierre Antoine de Monet, chevalier de Lamarck (1744-1829), como se faz constantemente com os dados do próprio Charles Darwin (1809-1882).

Formação libertadora

Assim, ao levar a pseudo-crítica criacionista aos alunos sem preparo para julgar o que estão lhes enfiando na cabeça, deve esta base ser, com o mesmo rigor e igual liberdade, isentamente esmiuçada perante os mesmos. Deve ser dissecada a fonte alegada das informações infalíveis com o mesmo rigor científico que se usa na ciência frente a estes jovens, como a fonte original da contestação. A Igreja Adventista tem como regra de fé a Bíblia, a Palavra de Deus preservada ao longo dos séculos para a orientação da humanidade no caminho de volta ao Lar, para alcançar a vida eterna. Assim, a Bíblia, de autor desconhecido, que narra a saga do povo judeu, deve ser pesquisada em sua veracidade científica e sua validade religiosa frente à livre informação dos bilhões de seres humanos que não a seguem por considerarem que acharam melhores e mais coerentes explicações para suas vidas em outras alternativas. Por que aceitar como palavra de Deus um livro que diz que apenas o povo judeu era o seu escolhido? Devem as outras visões religiosas ser livremente ensinadas para que os mesmos jovens, que são ensinados a criticar o conhecimento, decidam livremente nas suas vida qual o verdadeiro caminho da salvação, da vida reta, da real verdade contida neste conjunto fantástico de alegações. Afinal, foi com esta liberdade de escolher o novo que, em 1863, se organizou uma estrutura denominacional com o nome de Igreja Adventista do Sétimo Dia. Assim como pela crítica e pela liberdade descobriram o que acham o erro dos outros, devem também estimular os jovens a procurar livremente a sua verdade. Assim como foram mal conduzidos até esta época, optando por um novo caminho, devem deixar que os jovens possam também ter a liberdade de crer, para não cometerem o erro obscurantista do passado da qual julgam que se libertaram.

Mais do que a revista, o nosso jornalista que a critica deve também defender uma educação "neutra e puramente informativa", nos moldes da boa formação libertadora. Esse é que deveria ser o seu anelo profissional, a honestidade do conhecimento acima de tudo.

http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=452FDS010

Anônimo disse...

passei por aqui...
continuo a ser sua fã numero um
beijos

Anônimo disse...

não põe mais nada..
porque falta de tempo
rsrs