Um artigo que discute sobre os percentuais de ateus e agnósticos em vários países.
Uma parte bem interessante da pesquisa é que mostra que " os países com maiores taxas de homicídios são todos extremamente religiosos". Não é interessante isto? Não é interessante que os que se digam donos da moral e da ética, as quais a sua religião supostamente possa trazer, são justamente os mais homicidas? Ou isto é até esperado?
Causas sociais do Ateísmo
Foram feitos vários estudos, pela parte de diferentes autores, tendo como por objectivo determinar a percentagem de ateus nos diferentes países do mundo. Phil Zuckerman compilou os dados de muitos desses estudos para produzir um trabalho denominado «Atheism: Contemporary Rates and Patterns» («Ateísmo: Taxas e Padrões Contemporâneos»)
Depois de uma extensa exposição de todos os estudos de opinião em que se baseou (cerca de uma centena), Zuckerman elabora uma lista de países por ordem da percentagem de ateus que existem. Zuckerman também deixa claras todas as ressalvas relativas aos vários erros que podem ocorrer nos diferentes estudos de opinião. Na Arábia Saudita a percentagem de ateus está provavelmente sub-estimada, e na China estará sobrestimada, por exemplo. De qualquer forma, Zuckerman tira conclusões do vasto conjunto de dados que apresenta acerca da explicação que pode existir para as elevadas taxas de descrença. Vou traduzir parte dessas conclusões:
«O que é que causa a gritante diferença entre as nações em termos da taxa de descrença? Porque é que quase todas as nações de África, América do Sul e Sudeste Asiático contêm quase nenhum ateísmo, mas em muitas nações europeias os ateístas existem em abundância? Há numerosas explicações (Zuckerman, 2004; Paul, 2002; Stark and Finke, 2000; Bruce, 1999) Uma teoria liderante vem de Norris and Inglehart (2004), que defendem que em sociedades caracterizadas por uma plena distribuição de comida, excelente serviço público de saúde, e habitação globalmente acessível, a religiosidade esvai-se. [...]
Através de uma análise das estatísticas globais actuais de religiosidade em relação à distribuição do rendimento, equidade económica, gastos com a segurança social, e medimentos básicos da segurança ao longo da vida (vulnerabilidade quanto à fome, destares naturais, etc...) Inglehart e Norris (2004) defendem convincentemente que apesar de numerosos factores possivelmente relevantes para explicar a distribuição mundial da religiosidade, «os níveis de segurança da sociedade e do indivíduo parecem constituir o factor com mais poder explicativo» (p. 109). Claro que, como em qualquer teoria social abrangente, existem excepções. Os incontornáveis casos do Vietname (81% de descrentes) e da Irlanda (4-5% de descrentes) não correspondem ao que se esperaria através da análise de Inglehart e Norris.»
O autor acaba então por fazer uma distinção entre ateísmo orgânico: aquele que surge naturalmente nas sociedades sem qualquer encorajamento por parte do regime político, e o «ateísmo coercivo» que surgiu pela imposição política. Encontra então uma enorme correlação entre o ordenamento por ateísmo orgânico e o ordenamento por desenvolvimento humano. Mostra também que os países com maiores taxas de homicídios são todos extremamente religiosos.
Fica por explicar a excepção que a Irlanda constitui. Mas para mim, essa excepção é muito natural. A Irlanda é um país rico há pouco tempo, e a sociedade ainda não se adaptou a essa riqueza. Dentro de uns anos, parece-me, até a própria Irlanda confirmará esta tese.
Fonte: http://www.ateismo.net/
Depois de uma extensa exposição de todos os estudos de opinião em que se baseou (cerca de uma centena), Zuckerman elabora uma lista de países por ordem da percentagem de ateus que existem. Zuckerman também deixa claras todas as ressalvas relativas aos vários erros que podem ocorrer nos diferentes estudos de opinião. Na Arábia Saudita a percentagem de ateus está provavelmente sub-estimada, e na China estará sobrestimada, por exemplo. De qualquer forma, Zuckerman tira conclusões do vasto conjunto de dados que apresenta acerca da explicação que pode existir para as elevadas taxas de descrença. Vou traduzir parte dessas conclusões:
«O que é que causa a gritante diferença entre as nações em termos da taxa de descrença? Porque é que quase todas as nações de África, América do Sul e Sudeste Asiático contêm quase nenhum ateísmo, mas em muitas nações europeias os ateístas existem em abundância? Há numerosas explicações (Zuckerman, 2004; Paul, 2002; Stark and Finke, 2000; Bruce, 1999) Uma teoria liderante vem de Norris and Inglehart (2004), que defendem que em sociedades caracterizadas por uma plena distribuição de comida, excelente serviço público de saúde, e habitação globalmente acessível, a religiosidade esvai-se. [...]
Através de uma análise das estatísticas globais actuais de religiosidade em relação à distribuição do rendimento, equidade económica, gastos com a segurança social, e medimentos básicos da segurança ao longo da vida (vulnerabilidade quanto à fome, destares naturais, etc...) Inglehart e Norris (2004) defendem convincentemente que apesar de numerosos factores possivelmente relevantes para explicar a distribuição mundial da religiosidade, «os níveis de segurança da sociedade e do indivíduo parecem constituir o factor com mais poder explicativo» (p. 109). Claro que, como em qualquer teoria social abrangente, existem excepções. Os incontornáveis casos do Vietname (81% de descrentes) e da Irlanda (4-5% de descrentes) não correspondem ao que se esperaria através da análise de Inglehart e Norris.»
O autor acaba então por fazer uma distinção entre ateísmo orgânico: aquele que surge naturalmente nas sociedades sem qualquer encorajamento por parte do regime político, e o «ateísmo coercivo» que surgiu pela imposição política. Encontra então uma enorme correlação entre o ordenamento por ateísmo orgânico e o ordenamento por desenvolvimento humano. Mostra também que os países com maiores taxas de homicídios são todos extremamente religiosos.
Fica por explicar a excepção que a Irlanda constitui. Mas para mim, essa excepção é muito natural. A Irlanda é um país rico há pouco tempo, e a sociedade ainda não se adaptou a essa riqueza. Dentro de uns anos, parece-me, até a própria Irlanda confirmará esta tese.
Fonte: http://www.ateismo.net/
20 NAÇÕES COM OS MAIS ELEVADOS ÍNDICES DE ATEÍSMO
País | População | Ateístas + Agnósticos – Máx. | |
1 | Suécia | 8,986,000 | 85% |
2 | Vietnam | 82,690,000 | 81% |
3 | Dinamarca | 5,413,000 | 80% |
4 | Noruega | 4,575,000 | 72% |
5 | Japão | 127,333,000 | 65% |
6 | República Tcheca | 10,246,100 | 61% |
7 | Finlândia | 5,215,000 | 60% |
8 | França | 60,424,000 | 54% |
9 | Coréia do Sul | 48,598,000 | 52% |
10 | Estônia | 1,342,000 | 49% |
11 | Alemanha | 82,425,000 | 49% |
12 | Rússia | 143,782,000 | 48% |
13 | Hungria | 10,032,000 | 46% |
14 | Holanda | 16,318,000 | 44% |
15 | Grã-Bretanha | 60,271,000 | 44% |
16 | Bélgica | 10,348,000 | 43% |
17 | Bulgária | 7,518,000 | 40% |
18 | Eslovênia | 2,011,000 | 38% |
19 | Israel | 6,199,000 | 37% |
20 | Canadá | 32,508,000 | 30% |
10 comentários:
Acho que a educação faz uma grande diferença! Provavelmente teríamos nestes locais uma grande contribuição de escolas laicas. Enquanto no terceiro mundo em países judaicos, católicos e islâmicos, grande parte do ensino passa pela lavagem cerebral da religião.
Pretendo abordar no OI na próxima semana este tópico contra os criacionistas. Eles defendem a livre difusão de discussão científica, mas não aceitam a livre discussão em suas escolas das outras crenças e do ateísmo em especial!
Sao de quando esses dados?
Alvin Lee I. F.
Alvin Lee I. F.:
"Sao de quando esses dados?"
O texto sugere (primeiro parágrafo) que Phil Zuckerman compilou vários dados de vários estudos. Ou seja, não deve ter sido todos do mesmo ano.
Não é ruim ter um snaphot das sociedades a menos que você queria saber das tendências de cada uma delas (por exemplo, se o percentual de ateus da Suécia vem aumentando, mantendo estagnada ou caindo).
Uma sociedade, de certo que demora muito a mudar. Por exemplo, o Brasil há muito tem uma maioria católica (ainda que recentemente o percentual venha caindo) veja alguns dados por exemplo aqui.
Então tantos ateus na Suécia como católicos no Brasil tem tido forte presença há anos. Isto pode ter alguma correção com o fato do Brasil ter tantas desigualdades sociais e dados socio-econômicos desfavoráveis e eles não?
De qualquer forma, se encontrar datas ou algo neste sentido, me avise.
Abraços
Estes dados estão corretos?
Os % de ateus parecem elevados demais.
A análise tem seu valor, mas é simplista. Exemplo o Vietnan, segundo em ateísmo e com gigantescas desigualdades sociais. Será que todas as religiões são iguais? Qual as diversas correntes educacionais do pais? Se olhar só para essa tabela pouquíssimos países tem mais do que 50% de ateísmo. No Brasil as maiores universidades são laicas, porém no meio acadêmico mundial as maiores são confecionais. Esses estudo é importante, mas é árido.
Olá Anônimo,bem vindo.
Você disse "Exemplo o Vietnan" ...e os outros 19 exemplos? O que você fez com ele?
Agora o Vitetnan está mais para excessão (1) do que regra (19).
A pergunta seria? Será que nem o ateísmo salva o país do comunismo?
Você disse que
"meio acadêmico mundial as maiores são confecionais"
De onde tirou ou inventou estes dados?
Abraços
O progresso do ateísmo se dá pelo interesse ao estudo. Quando iniciei minha pesquisa diletante acerca da origem do cristianismo, eu já tinha uma ideia formada: nada de Bíblia, teologia e história das religiões. Todos os que haviam explorado esse caminho haviam chegado à conclusão alguma. Contidos num cercadinho intelectual, no máximo, sabiam que o que se pensava saber não era verdade. É isso o que a nossa cultura espera de nós, pois não gosta de indiscrições. Como o mundo não havia parado para que o Novo Testamento fosse escrito, o que esse mesmo mundo poderia me contar a respeito dessa curiosidade histórica? Afinal, o que acontecia nos quatro primeiros séculos no mundo greco-romano, entre gregos, romanos e judeus? Ao comentar o livro “Jesus existiu ou não?”, de Bart D. Ehrman, exponho algumas das conclusões a que cheguei e as quais o meio acadêmico, de forma protecionista, insiste ignorar.
http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/paguei-pra-ver
Olá Ivani Medina!
Bem vindo e grato pelo comentário.
Daqui a pouco lerei o texto referente ao link que postou.
Até
Olá Ivani Medina!
Gostei de sua postagem em
http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/paguei-pra-ver
Grato por indicar!
Até
De nada, meu caro. É o nosso trabalho. Abraços.
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